sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ê Galo...




Desde quinta-feira li tudo o que foi possível sobre a situação do Atlético após o mais recente vexame, a derrota de 5 a 2 para o Botafogo. Blogs, jornais, sites; ouvi comentários no rádio, assisti a mesas-redondas na TV. Os comentários são praticamente os mesmos. Time medíocre, diretoria errou, a preocupação com o futuro do time no Brasileirão.

Eu penso como a maioria dos analistas mineiros de esportes. A situação do Atlético na tabela é ilusória. O Atlético, infelizmente, não tem time para estar na 11ª colocação. A briga vai ser árdua até o final do campeonato e se escaparmos da Série B será nas últimas rodadas. Só não sei se com a torcida lotando o estádio para empurrar o time, como já fez incontável número de vezes.

Desde o início do ano, o Atlético não venceu nenhum time com melhor qualidade que ele. Perdeu três para o Cruzeiro no ano do centenário, na Copa do Brasil e Sul-Americana caiu diante do Botafogo e, no Brasileiro, mesmo jogando em casa, não venceu Grêmio, Flamengo, Palmeiras e por aí vai. Sem contar os vexames fora de casa ou empates com equipes também medíocres. O Atlético não tem time a altura dos grandes do Brasil. Atenção: time, não clube ou torcida.

A média de público do Galo no Brasileiro é digna de preocupação. O alvinegro é o 11º clube que mais levou torcedores ao estádio, com 13109 torcedores por partida. Para um clube que em 37 anos de disputa do Brasileiro só fica atrás do Flamengo em média ano a ano, muito pouco.

Há a justificativa dos horários, falta de cerveja e a principal, o time horroroso. Tão preocupante quanto a falta de torcedores em campo é o desinteresse da massa com as partidas no rádio ou TV. O atleticano antigamente deixava de fazer qualquer coisa para ver ou ouvir o Galo. Hoje, não. Muitos amigos dizem que não conseguem mais assistir as partidas, preferem outro programa menos masoquista. Há quem até tente, mas muda de canal após 20, 30 minutos, quando o vexame começa a se desenhar.

Bem escreveu o jornalista Leandro Mattos, no blog Girando a Bola. Estão matando o maior patrimônio do Clube Atlético Mineiro. Como convencer com argumentos convincentes uma criança a ser atleticana nos dias de hoje? A filha de um amigo cansou das gozações dos amiguinhos e disse que não torce mais para o Galo. Ela tem apenas seis anos. O que dizer? Que as coisas vão melhorar? Não vejo essa perspectiva. Criança gosta de gols, ver o estádio lotado, gritar o nome dos ídolos. O maior jogador que as crianças atleticanas viram jogar foi Danilinho, que se comparado aos grandes gênios do Atlético, tem futebol proporcional ao seu tamanho.


Um amigo/irmão preferiu sair para fazer uma tatuagem do que ver o time do Atlético na última quarta-feira. Isso mesmo, a dor de algumas agulhadas é melhor que ver Gedeon, Márcio Araújo e outros. Bem fez ele, o sofrimento foi menor.


A situação do Atlético não é SOMENTE culpa do Ziza Valadares. Ele tem sua parcela, principalmente por se cercar de diretores e assessores sem a mínima condição de administrar um clube de futebol. E justamente no ano do centenário. Mas a memória é curta porque o sofrimento ajuda a esquecer o que o Galo já passou e foca no factual.


Apenas para ficar no exemplo de dois ex-presidentes. No início da década de 1990, a torcida do Atlético promoveu o enterro simbólico do então presidente Afonso Paulino. Um sábado, pela manhã, que lotou a porta da sede de Lourdes. A situação era tão ruim que a Veja Minas - encarte da Veja que circulava por aqui - colocou em sua capa uma matéria com torcedores da Máfia Azul estampando faixas em apoio ao então presidente do Atlético. Até mesmo outdoors foram espalhados pela cidade afirmando que só um "Minhoca" pode levar o Galo para debaixo da terra. Para os mais novos que talvez não saibam, Minhoca é o apelido de Afonso Paulino.


Quando Paulo Cury presidiu o Galo, o Estado de Minas estampou em sua capa os jogadores Doriva e Julio Cesar sendo despejados de um flat porque o Atlético não pagou a conta.


A falência atleticana não é de hoje. A bomba é maior nos últimos anos porque o futebol é cada vez mais profissional e, sem credibilidade e principalmente dinheiro não se monta um time competitivo.


Hoje a imprensa faz chacota com a história atleticana, algo inimaginável há alguns anos. Charges citando a frase mais célebre de Roberto Drummond foram estampadas em jornais de BH como motivo de piada que dói na alma atleticana.


O torcedor alvinegro não quer muito. Ele deseja apenas acordar bem após uma partida. Ele não quer abrir os olhos pela manhã e ter como primeira lembrança do dia o vexame da noite anterior.


O atleticano quer apenas que diretores, jogadores e todos respeitem o Atlético,


respeitem a camisa do Atlético,


respeitem a história do Atlético.

Um comentário:

Luciana Godoi disse...

É mas o problema que até nós,atleticanos de coração e alma, já estamos perdendo o respeito pelo time!!

Sofro por isso mas infelizmente é a realidade!!!

Um grande abraço

Luciana Godoi